quinta-feira, 31 de março de 2011

Correios: Obsoletos ou Imprescindíveis?

Carta que a sua avó deve ter escrito
Para falar sobre o sistema dos correios, vamos antes dar uma olhada em seu passado, pois é na origem de um sistema que se encontram as qualidades que a tornam necessária e a fazem atravessar os séculos.

Em meados de 1830, na Inglaterra, Rowland Hill, um funcionário público, dedicava-se a estudar o (na época) caro e ineficiente sistema postal do país. As cartas eram taxadas em função da distância da entrega, tamanho, peso e uma miríade de outras taxas que fazia com que o serviço se tornasse tão caro que apenas os aristocratas o utilizavam. Ele sugeria que o serviço fosse taxado apenas baseado no tamanho e peso da encomenda, e demonstrou, com números exatos, que os correios poderiam diminuir os custos e aumentar a clientela daquele modo. Sua idéia sofreu várias investidas, que aqui não nos cabe discutir, que enfim levaram à criação do selo, que simplificava o sistema de correios. Essa revolução espalhou o sistema pela Europa, até que enfim chegou às colônias portuguesas, inglesas, e etc.

De lá pra cá, o correio já transportou todo tipo de encomenda, cartas, bombas, o vírus Anthrax [apenas rumores], produtos importados, uma miríade de coisas. Com o advento do e-mail [chamado, apropriadamente, de carta digital], o uso dos correios se restringiu basicamente a encomendas físicas, pacotes, remessas, propaganda, etc. Até mesmo as impopulares contas, que antes, caso o Correio atrasasse na entrega, geravam dor de cabeça, podem agora ser impressas e pagas via internet.

Símbolo de um dos mais populares serviços de correio online
Em suma, o correio é um serviço secular, mas que nem por isso deixa de ser fundamental para o bom funcionamento das engrenagens da sociedade, continuando a ser forma importante de comunicação.

quinta-feira, 24 de março de 2011

Evolução do papel: Como a China mudou o Ocidente

Papiro estimado em mais de 3000 anos
A evolução dos instrumentos de registro da escrita, que levaram ao papel, se deu de forma lenta e tortuosa, muitas vezes seguindo mais de um caminho no mesmo contexto temporal, envolvendo diferentes situações políticas, culturais e religiosas. Seu mais antigo ancestral direto, o papiro, foi criado no Egito, de uma planta nativa, era o principal meio de transcrever uma informação no Oriente, de onde foi levado através das extensas rotas mercantis, até a Ásia e a Europa, onde se tornou o maior expoente da escrita naquela época.


Porém, devido aos diversos conflitos árabes na região, o comércio de papiro eventualmente se extinguiu, o que levou ao crescimento da presença do pergaminho na Europa, mesmo sendo mais caro. Feito de couro, a sua origem atribui-se à cidade de Pérgamo, hoje localizada na Turquia, onde essa tecnologia, mesmo já sendo conhecida a muito tempo, foi elevada a um patamar de sofisticação muito maior se comparado aos métodos contemporâneos de fabricação do pergaminho, por volta do ano 150 A.C. E esta situação se manteve ao longo de alguns séculos na Europa, onde o papel somente chegou bem mais tarde, por diversos motivos, que são trabalhados abaixo.


Enquanto a Europa sofria com a escassez do papiro e se adaptava ao pergaminho, a China já usufruía do uso de papel há muito tempo. Credita-se o início da sua utilização em larga escala a meados do ano 105 a.C. Deve-se notar, porém, que na China daquela época, o papel não era usado somente como material de produção escrita, mas dividia tanto suas matérias primas como seu uso com os tecidos, sendo usado como biombos e cortinas para separar ambientes, enquanto o hábito de escrever e desenhar em tecido permanecia na sociedade chinesa. Desse ponto, de forma lenta, mas constante, o papel foi sendo introduzido em vários pontos das rotas de comércio entre a Ásia, o Oriente e a Europa. Porém apenas o comércio era efetuado entre as potências, pois a forma de fabricação do papel era um segredo protegido à todo custo. As primeiras fábricas fora da China se estabeleceram na Arábia e na África, em meados do séc. VIII.


Uma das primeiras obras a utilizar papel.
Somente após mais de um milênio pode finalmente o papel atracar em portos europeus, mas não dispõe-se de registro que mencione exatamente quando e aonde, sabendo-se apenas que foi por volta do séc. XI. Porém, devido às constantes disputas entre a Igreja Católica e os potentados árabes, o papel foi praticamente ignorado após a sua chegada, permanecendo a Europa, salvo raras exceções, a utilizar o pergaminho para a escrita. Combinado a esse fator, o alto preço derivado da distância de que era enviado o papel o fizeram rarear no continente, somente tornando-se popular depois que fábricas na Itália e Espanha se estabeleceram no séc XII.

Dali pra frente, a tecnologia e o modo de fabricação do papel foram introduzidos em inúmeros países da Europa, sendo Portugal o último a ter registro de uma fábrica de papel sendo inaugurada. Engraçado é o fato de o Ocidente ter copiado essa tecnologia de um país oriental, fato que hoe ocorre no reverso. Logo o papel se tornou a forma mais barata e confiável de registrar informação, e o resto vocês já sabem.





COSTELLA, ANTONIO F. Comunicação - do grito ao satélite.  ed. Mantiqueira, 2002


quinta-feira, 17 de março de 2011

Jornal: informação à la chinesa, européia ou apenas informação?

Para começar bem este texto, temos que decidir uma coisa básica: o que é o jornal?
Na língua de hoje, jornal se refere ao veículo impresso, portador de informação. Mas a definição usada aqui é de que o jornal é um veículo de difusão de informação, com periodicidade fixa e variedade de assunto. Claro, isso tudo é apenas a opinião deste humilde autor. Ok, mas e como foi que toda essa história começou?
Aí está o jornal de... muito tempo atrás.

Se levarmos em conta a definição acima de jornal, poderíamos dizer, com algum fundo de verdade, que o jornal começou na parede de uma caverna, a milhares de anos atrás. Porém, não vamos levar o sentido literal da palavra jornal como base, mas sim seu sentido como forma de comunicação. Logo, segundo impreciso registros históricos, é possível que a origem do jornal como forma de documentação de uma sociedade tenha surgido na Babilônia, ou na China, ou no Egito, todos a tempo demais para se provar alguma coisa. Portanto, vamos tomar a primeira sociedade mediterrânea organizada como base, o Império Romano. Por meio da Acta Diurna, fixada em murais da cidade, todos os cidadãos romanos poderiam se manter em dia com as notícias do Império. Daí pra frente, foi uma questão de adaptação e evolução em um formato que pudesse ser veiculado, chegando então às mãos do leitor sem que este precisasse ir atrás da informação. Inicialmente rejeitado em um Europa tomada pelo fervor do cristianismo, o papel foi relegado à mero coadjuvante em relação ào pergaminho, mas seu baixo custo e qualidade alta fizeram com que, ao longo de muito tempo, ele se popularizasse pela Europa. Depois, a "impressora" de Gutenberg tornou tudo automatizado e rápido, o elemento que faltava nessa equação. Desde então, o jornal se tornou uma forma barata e rápida de transmitir informação, com alguma periodicidade e variação nos temas abordados.

Comparativos:
Jornal do Poste, versão web 2.0
Tomando como base o contexto histórico, e a utilização na época, podemos tomar como razoável a comparação de que o "Jornal do Poste" [São João Del Rei, Minas Gerais, 1958] tenha hoje seu equivalente na Internet, em especial o Twitter, como forma de transmitir uma notícia de forma atualizada, rápida e com visibilidade garantida.

Já para o "mural romano", podemos encontrar seu semelhante atual hoje no jornal impresso em si, uma forma de transmitir a notícia com uma periodicidade fixa, com notícias variadas e distribuído pela cidade toda.




COSTELLA, ANTONIO F. Comunicação - do grito ao satélite.  ed. Mantiqueira, 2002

sexta-feira, 4 de março de 2011

2001: Uma Odisséia no Espaço



O ano é 1968. Stanley Kubrick acaba de terminar uma das cenas que iriam revolucionar não apenas o cinema como forma de arte, mas como formador de pensamento também. O take onde um grupo de macacos utiliza um simples osso como ferramenta para se sobrepor aos outros nos mostra o jumpstart, o início da humanidade hoje. Tudo ao nosso redor, de computadores a livros, jornais, rádio e televisão, surgiu daquele ponto, onde começamos a usar elementos exteriores a nós mesmos para atingir um objetivo. Ao transmitir a descoberta de uma nova tecnologia, no caso, o osso, o macaco dá os primeiros passos em direção à uma comunicação mais organizada em grupos, uma transmissão de conhecimento que viria a ser fundamental para os avanços do homem.

Com o inexorável avanço do tempo, fizeram-se necessárias inovações, queiram acidentais ou não, e aí passamos de um osso à roda, alavancas, mecanismos mais complexos, etc.
De gritos e gestos, começamos a articular palavras, transcrevendo-as em papiros, pedras, pergaminhos, esculturas, etc.
Então começamos a nos espalhar pelo planeta, e surgiu o Código Morse, o primeiro telefone, o rádio, e enfim, a Internet.

Isso mostra como somos um povo adepto, se não até propício, à evolução constante, o que nos levou a ser a espécie dominante (será?), no planeta, tudo a partir de uma simples disputa por água e o cadáver de um mamífero morto.


O vídeo abaixo é uma versão mais atualizada, porém segue os mesmos princípios de adaptação à novas tecnologias



 (Cena do filme Zoolander, de 2001, com Owen Wilson, e Ben Stiller)